Nota de pesar
É com grande pesar que comunicamos o falecimento do filósofo e professor José Arthur Giannotti, na terça-feira de 27 de julho. As palavras de pesar ficam aquém da grande perda. Professor Emérito da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, um dos fundadores do Cebrap depois de sua aposentadoria compulsória pelo AI 5, formador de várias gerações de professores e intelectuais; autor de livros originais, desde o primeiro, “Origens da Dialética do Trabalho”, até o mais recente, “Heidegger e Wittgenstein”; autor de ensaios e textos de combates, presença constante na imprensa sem deixar de lado o rigor filosófico e autor de traduções pioneiras de vários filósofos. Tudo isso - as instituições que receberam sua enorme contribuição e o pensamento amplo e profundo de uma mesma trama filosófica –deve permanecer sempre presente, marco sempre à disposição do público interessado, no País e fora dele. Mas o que desde já pesa e entristece é uma falta irreparável: a do professor e intelectual generoso que, fazendo do diálogo direto e sem hierarquias a força viva do pensar, assumiu, por modéstia e ironia, o título de “filósofo municipal”: exemplo de que o pensamento genuíno devia apropriar-se dos grandes filósofos a partir de frestas – para pensar e preparar, por aberturas que nos restam, o surgimento do novo no pensar e na ação.